Os estúpidos com quem me dou – Um texto de amizade

A ida a um café com amigos pode tornar-se rapidamente num passeio pelo cringe que preferimos fingir que não sentimos por aqueles que nos são mais próximos. De forma nenhuma consigo ser diferente, sendo eu o instigador da estupidez coletiva, mas reconheço mais facilmente a vagueza das conversas do que qualquer filósofo que me tente mostrar a profundidade artística responsável pela criação do Velocidade Furiosa mais recente.

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Clubismos à parte, até porque nada percebo de futebol, qualquer discussão de amigos se torna mais rapidamente numa luta entre claques, do que o pessoal se apercebeu que a Super Nanny é dos programas mais ridículos e desrespeitosas para a integridade moral dos mini visados. Seja o tema carros, futebol, cinema, ou a vida privada de cada um, a mesa opera segundo um micro cosmos harmonioso, onde há espaço para todos. Seja para o padre; o amigo que cospe mais sabedoria barata e moralismos que ele não segue, para cima de qualquer um que tenha dúvidas existenciais ou pense que tenha errado em algo que fez; o diabinho, que não se priva de sugerir a qualquer amigo com problemas conjugais que abandone a mulher e que vá procurar conforto em qualquer mulher que o venda ali para os lados de Santarém; ou o compreensivo, que por norma compreende e anui a tudo o que lhe é dito, mas perca toda a credibilidade por o fazer enquanto olha para o visor do telemóvel, como se encarasse um portal para um mundo paralelo onde nada daquilo está a ocorrer.

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A lista de amigos e de perfis dos mesmos é enorme, mas enorme é também o bem que faz um gajo às vezes lembrar, que dentro do tal micro cosmos harmonioso, nós podemos, na mesma noite, correr todas essas posições.

Só me dou com estúpidos que sejam estúpidos o suficiente para se darem com estúpidos como eu.

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