Hoje (embora tenha sido no dia de ontem, escrevo isto ainda sem ter dormido, por isso desculpem se me enganar nos espaços temporais em que me espresso) tive o gosto de fazer algo que eu adoro e que poucas vezes me vejo possibilitado a fazer: partilhar histórias. Claro que enquanto comediante tento sempre que tudo o que digo tenha um cunho pessoal, mas hoje foi diferente. Hoje tentei explicar a umas dúzias de desconhecidos como me posso rir da morte do meu pai.
Pessoas que não me conhecem, não sabem quem sou nem o que valho, ouviram-me durante 7min e 33 segundos (tempo limitativo colocado pelo CCP) a justificar a minha crença no riso, mesmo que como forma de revolta face a algo que aconteceu que nós não podemos mudar. 7minutos em que falei em palco de um acontecimento que me marcou e, correndo o risco de chocar algumas pessoas, não foi assim tão divertido. Não foi um marco positivo o falecimento do meu pai. Mas temos de retirar algo! Foi isso que eu tentei explicar.
Quando nos rimos de uma desgraça, não nos estamos a rir do desgraçado. Estamos quase que, mesmo que de uma maneira estranha, a contemplar o que sucedeu e rir. Não de felicidade, mas a rir quase como uma provocação. Quando a roçar numa afirmação parecida com ‘já acabou, Jessica?’.
Rir é bom e tal como lhes disse:
‘Riam. Riam por mim, riam por vocês… Se quiserem algo mais profundo, riam pelo meu pai. Mas riam. Obrigado’