Telemóvel #1 – Clube Criativos de Portugal e a morte do meu pai

Hoje (embora tenha sido no dia de ontem, escrevo isto ainda sem ter dormido, por isso desculpem se me enganar nos espaços temporais em que me espresso) tive o gosto de fazer algo que eu adoro e que poucas vezes me vejo possibilitado a fazer: partilhar histórias. Claro que enquanto comediante tento sempre que tudo o que digo tenha um cunho pessoal, mas hoje foi diferente. Hoje tentei explicar a umas dúzias de desconhecidos como me posso rir da morte do meu pai.

Pessoas que não me conhecem, não sabem quem sou nem o que valho, ouviram-me durante 7min e 33 segundos (tempo limitativo colocado pelo CCP) a justificar a minha crença no riso, mesmo que como forma de revolta face a algo que aconteceu que nós não podemos mudar. 7minutos em que falei em palco de um acontecimento que me marcou e, correndo o risco de chocar algumas pessoas, não foi assim tão divertido. Não foi um marco positivo o falecimento do meu pai. Mas temos de retirar algo! Foi isso que eu tentei explicar.

Quando nos rimos de uma desgraça, não nos estamos a rir do desgraçado. Estamos quase que, mesmo que de uma maneira estranha, a contemplar o que sucedeu e rir. Não de felicidade, mas a rir quase como uma provocação. Quando a roçar numa afirmação parecida com ‘já acabou, Jessica?’.

Rir é bom e tal como lhes disse:

Riam. Riam por mim, riam por vocês… Se quiserem algo mais profundo, riam pelo meu pai. Mas riam. Obrigado’

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