No seguimento de um comentário deixado num texto anteriormente escrito por mim (podem consultar em https://rubenbranco123.wordpress.com/2014/12/26/43/ – Como ser um Super-Cena?), achei que seria benéfico escrever um artigo sobre alguns temas referenciados ao longo do comentário.
Um dos primeiros tópicos que foi abordado é a existência, ou não, do tão aclamado ‘It Factor’.
Não, não estamos a falar de Robert F. “Bobby” Roode, Jr o Campeão Mundial da TNA. O ‘It Factor’ de que estamos a falar é algo que existe dentro de todos nós, de alguma forma. Acredito que todos nós conseguimos ter algo que nos defina, algo que nos marque e que facilite o reconhecimento por terceiros. Todos temos um amigo que é facilmente caracterizado por ter cabelo comprido, barba grande, ser mais alto ou por ter um feitio especial. Estamos habituados a lidar com esses fatores diferenciais todos os dias, mas quando falamos no ‘It Factor’ no ‘Factor X’, estamos a pegar em tudo o que diferencia uma pessoa de todas as outras e aumentar essa diferença mil vezes (não estou a dizer que se alguém é reconhecido por ter cabelo comprido, que vai ter de pegar em extensões até ficar com 1000x o comprimento atual)!
Normalmente, o ‘Factor X’ (expressão portuguesa para ‘It Factor’, e não um programa que nem os produtores devem assistir por ser tão triste) não é algo que possa ser medido ou palpável. O Factor X é algo que vai para além daquilo que podemos ver através das fotos das pessoas (desculpem fotógrafos do Facebook, nenhuma foto capta completamente a essência de ninguém), vai além daquilo que nós podemos dizer sobre alguém, é algo que apenas podemos sentir.
O Factor X é o que faz com que uma pessoa não sejas mais uma pessoa, mas sim, A pessoa (quem é o poeta aqui afinal?).
Sermos únicos por si só já pode ser difícil por vezes, mas se pensarmos que basta ter algo diferente de todos os outros. Fugir da rotina muitas vezes pode ser assustador, ainda para mais, quando a rotina é algo seguido religiosamente não só por nós, bem como por todos os que nos rodeiam no nosso trabalho.
Eu trabalho numa empresa onde lido com dezenas de pessoas diferentes por dia, num edifício onde trabalham algumas centenas de pessoas. Imaginem que uma dessas pessoas (eu não, porque tenho uma imagem a defender), decide mudar totalmente a sua imagem e ser diferente de todos os outros com quem trabalha pintando o cabelo de rosa, sem dúvida que é uma forma muito eficaz de se diferenciar.
Mas isso faz de vocês especiais?
Para serem especiais nós temos de ter algo que não é opcional.
Vejamos esta explicação trazida para vocês pela minha lógica infalível.
Eu -> (pinto o cabelo de azul = fico diferente)
Tu-> (pintas o cabelo de azul = ficas diferente)
Eu + Tu -> (cabelos azuis = somos iguais)
É por isso que o ‘It Factor’ tem de partir de nós, não pode ser algo que possa ser emulado por ninguém mesmo que queiram. Esse factor X não é algo linear. É algo que nós podemos adaptar a nós de forma a usá-lo como vantagem nas nossas carreiras (dentro e fora do Wrestling), mas aprender a faze-lo pode demorar algum tempo e de certeza que dá imenso trabalho. Claro que vale a pena, porque só assim conseguimos deixar a nossa marca naquilo que fazemos como alguém a ter como referência para todos aqueles que vierem depois de nós.
No Wrestling podemos destacar alguns lutadores que tiveram esse ‘It Factor’ ao longo da história da WWE (vamos ficar por aí porque assim mais gente consegue acompanhar) Hulk Hogan, The Rock, Ric Flair, Stone Cold e mais recentemente John Cena.
Embora esteja novamente a falar do Cena embora existam grande nomes da historia do Wrestling que se encaixariam perfeitamente neste exemplo, não quero que pensem que sou um super-fã (entenderam a referência pessoal que leu o outro texto?) do Cena, até porque nunca fiquei muito impressionado por aquilo que ele mostrou ao longo dos anos dentro do ringue, mas é um nome demasiado grande para não o referir. Seria o mesmo que não mencionar o elefante gigante no meio da sala.
Da última vez que falei do Cena comparei-o ao Superman e o resultado foi bom, por isso vamos repetir o mesmo neste texto, voltando a ter como exemplo personagens da DC Comics.
Se estamos a falar dos Super-heróis da DC, existem dois nomes que surgem sobrepostos, ou ao mesmo tempo, ou lado a lado, ou… vocês perceberam.
Estas são duas das personagens mais conhecidas do mundo da Banda Desenhada e dizer que são muito diferentes seria pouco! Há quem diga que Batman e Superman se completam e não seriam tão bons se não se tivesse um ao outro.
Se isso é verdade ou não, dificilmente saberemos.
A primeira aparição de Batman foi na edição de #27 da Detective Comics em Maio de 1939, apenas 11 meses após a estreia do Homem de Aço na Action Comics #1 a em Junho de 1938 (#FunFact ).
Agora se pensarmos que o John Cena é o equivalente da WWE ao Super-homem da DC Comics, quem acham que se encaixa perfeitamente na posição de Batman (acreditem que fazer esta comparação me custa imenso)?
Orton é praticamente a sombra de John Cena desde que ele entrou para a WWE. Têm apenas 3 anos de idade de diferença entre si, ambos se estrearam em 2002 (Cena em Junho e Orton em Abril) e são dois dos mais conhecidos e condecorados lutadores que já passaram pela empresa do tio Vince.
Ao inicio, tudo apontava para que Cena fosse uma Superstar de algum sucesso, com um físico impressionante e com alguma qualidade ao microfone, enquanto do outro lado tínhamos Orton; um lutador de terceira geração que se tornou no Campeão de Pesos Pesados mais novo de sempre na história da WWE ao vencer o seu primeiro Titulo Mundial em 2004 quando tinha apenas 24 anos de idade.
Orton estava lançado, fazia parte de uma equipa com outros grandes nomes da WWE. O membro mais novo dos Evolution, grupo que mostrava os três tempos da história da WWE (‘Nature Boy’ Ric Flair – o passado; Triple H – o presente; Randy Orton e Batista – o futuro), era visto como a futura cara da companhia, tudo estava a ser feito para que assim fosse e ele já estava no main event do principal show da programação da WWE – RAW.
Porém, do outro lado, tínhamos John Cena que a pouco e pouco ia conquistando o seu espaço na programação do Smackdown (o 2# programa da WWE), estando a surpreender tudo e todos. Conquistou o seu primeiro Titulo de Campeão dos Estados Unidos ao vencer Big Show na Wrestlemania XX, onde passado um ano iria vencer o seu primeiro título de Campeão da WWE ao vencer JBL na Wrestlemania XXI, no ano de 2005.
Este é o trailer do jogo WWE Smackdown vs RAW (PS2) de 2005, onde pelo trailer percebemos que a WWE iria querer ter Cena e Orton como o futuro da empresa.
Mas os anos foram passando e o futuro mostrou-se diferente daquilo que era esperado. Porquê?
O que fez com que John Cena ultrapassasse Randy Orton e fosse ele a cara da companhia que começou mais cedo a apostar em Orton?
Será que a ganga vende mais que a licra?
Será que o FU é melhor que o RKO?
Será que é melhor ser o ‘Doctor Of Thuganomics’ do que o ‘The Legend Killer’?
Isso são perguntas que mesmo sendo respondidas não vão justificar a escolha que foi tomada.
A WWE percebeu que o John Cena não era mais um lutador, mas sim uma estrela, ao contrário de Orton. Cena entrava no ringue com uma confiança e uma presença que lhe permitiram ganhar o reconhecimento e respeito, tanto dos fãs, como dos seus colegas de balneário.
COMO?
Confiança.
Para mim (tudo isto é a minha opinião e vale o que vale), tudo se resumo em sermos confiantes naquilo que fazermos. Termos a certeza que somos os melhores naquela posição e comportarmo-nos como tal.
Sempre que Cena entrava no ringue, era inevitável não sentir uma diferença na tensão que pairava no ar. Sempre que Cena pegava no microfone, todos queriam ouvir o que ele tinha para dizer. Cena conseguiu colocar-se como um lutador de topo, dando foco às suas capacidades vocais e escondendo as suas limitações dentro do ringue, conseguindo ganhar o estatuto que tem hoje.
Inicialmente, Cena era apenas mais um lutador, mas foi-se diferenciando, tornando-se único, até chegar ao eterno campeão que é hoje em dia.
Claro que parte se deve ao seu talento natural para estar em frente ao público (acreditem que enquanto treinador já encontrei muitos alunos que NUNCA poderão fazer nada no Wrestling. #SadButTrue ), mas o esforço e dedicação ímpar de John Cena para com a sua carreira no Wrestling foi um fator determinante para o seu sucesso.
O ‘Factor X’ existe, mas tem de ser trabalhado de forma a obtermos resultados com ele.
Todos temos um talento/aptidão que nos ajuda em algumas das coisas que vamos fazendo ao longo da nossa vida. Por vezes pode ser difícil para nós encontrar aquilo em que somos bons, basta pensarem na quantidade de pessoas que conhecem que na casa dos 20 ainda não sabem o que gostariam de fazer como trabalho, nem sequer aquilo que são bons a fazer. É algo que necessita de tempo.
Estarmos em harmonia com o nosso talento e entregarmo-nos totalmente a ele é o que temos de fazer se quisermos ser mais do que bons naquilo que fazemos.
É o que temos de fazer se quisermos ser verdadeiras lendas.
Já sabem, se querem saber se tem o que é necessário para serem estrelas naquilo que fazem, arrisquem, cheguem-se à frente, falhem, cometam erros, mas nunca desistam. Nunca parem de tentar. Se algo não resulta, tentem com que resulte. Podem nunca conseguir, mas pelo caminho podem descobrir algo sobre vocês que até vocês mesmos desconheciam.
Se acham que o vosso ‘Factor X’ já foi descoberto e que foram feitos para o Wrestling, podem vir treinar comigo todos os sábados na Academia do Wrestling Portugal, no Centro Shotokai em Queluz!
Mais info em: www.wrestlingportugal.com/treinos
Treinador do Wrestling Portugal
Rúben Branco
#RubenBranco123 